Hoje, no Brasil, mais de 50% dos lares são chefiados por mulheres. É estatística. Isso significa que os filhos estão sendo criados sem o pai. Isto é certo ou errado? Tanto faz, é assim. Milhões e milhões de pessoas, homens e mulheres sem a referência paterna, que até alguns anos atrás, simbolizava o trabalho, o sustento da casa, a proteção. Mas não é só isso: mais outros tantos milhões de pessoas possuíram o pai em casa, mas este pai não provê, não sustenta, não se banca. Ele está em casa, mas não faz o papel que a sociedade diz ser do homem. Ou dizia…
Uma parte desta imensa população órfã do símbolo “pai”, não enfrenta problemas na vida profissional. Às vezes, até devido à falta do papai, resolvem abraçar o papel masculino do caçador, do provedor, e saem à luta. Uma grande amiga, consultora de sistemas, que já trabalhou conosco terapeuticamente, sacou isso: filha mais velha, com três irmãs e um irmão abaixo da sua idade, resolveu encarar a vida com garra e se saiu muito bem, financeiramente. Mas a que preço? O seu papel mais masculino e provedor atraiu um marido fraco e instável, e isto balançou o casamento. Por outro lado, ela se transformou no pai das irmãs, ajudando-as financeiramente o tempo todo, e elas se colocaram no papel de filhas, sem se desenvolverem sozinhas… o pior é que é tudo gente adulta, acima dos 30! Imagine o casamento destas irmãs, como é?
Pois bem, minha amiga não teve problemas profissionais porque ela não buscou o papai, mas se colocou no lugar dele. Isso também não e saudável. Mas não é sobre esta posição que vou falar agora. Vou falar da posição dos que buscam papai. As irmãs, por exemplo. Ou o marido dela. Todos eles tiveram pai, não tão presente, mas tiveram. E mesmo assim buscavam. A dor emocional de “não ter pai” pode provocar um estrago na vida financeira e profissional muito grande. Como? Bem, a constelação sistêmica demonstra que as pessoas que estão focadas em problemas emocionais não conseguem, muitas vezes, tomar decisões simples, ou acabam tomando decisões para satisfazer a dor emocional, ao invés de basear-se na busca de soluções e metas. Assim, uma das irmãs desta minha amiga, buscando papai, casou-se com um homem e colocou-o no lugar de papai. E ele buscava mamãe, isso quer dizer, buscava afeto e carinho e colocou-a no lugar de mamãe. Como eles eram marido e mulher, imagine no que deu. Ficaram casados muitos anos, mas nada deu certo. Abriram um negócio, mas também fracassou: estavam envolvidos com suas dores emocionais internas. Divorciaram-se. E esta mulher, enquanto não se tocar da sua própria dor, e dar um chute nela, irá buscar outro papai.
Inconscientemente, quem foca-se nas dores interiores, na busca por explicações para seu sofrimento, está automaticamente tirando energia que seria, naturalmente, dirigida à construção da carreira, do sucesso financeiro e da realização pessoal. Tenho visto muita gente trabalhar suas questões emocionais, colocá-las de forma digerível para si, e às vezes, mesmo sem resolver totalmente, a vida começa a fluir. Encontra novo trabalho, ganhando muito mais, acho um parceiro ou parceira completamente diferente, ajeita-se na vida. E o contrário também tenho visto: pessoas que buscam o porquê são as piores. Por que eu sofro? Por que não dá certo? Por que isso, por que aquilo. Quem quer saber o por que, não está buscando soluções, mas somente, justificativas. Eu era assim: filho adotivo, criado por avós, irmão que se matou, pai alcoólatra, achei um monte de justificativas para o meu sofrimento. Fiquei anos preso às minhas dores emocionais, e isto atrasou sobremaneira minha carreira e meu sucesso. No momento que resolvi colocar as justificativas emocionais de lado, tchau e bênção!
Alex Possato é consultor e diretor do Nokomando-soluções sistêmicas