A crença de que nossa vida pode ser determinada pela história psicológica das gerações anteriores não é nova. Nos últimos trinta anos, o conceito de “família inconsciente” surgiu causando uma reavaliação dos antigos e profundos preceitos filosóficos do Oriente, como a influência ancestral nos destinos individuais ou força que certos fatos e pessoas do sistema familiar possuem sobre nossas vidas. O surgimento de novas abordagens terapêuticas, como a psicogenealogia ou abordagem transgeracional para o trabalho clínico, tem como objetivo fornecer um caminho para ajudar a explicar as dinâmicas inconscientes da família. Dinâmicas que fazem com que o paciente repita certas situações na sua vida, pois esse está que conectado com o seu sistema familiar. Também se observou que o poder de incluir na história pessoal de uma pessoa a sua história familiar transgeracional, ajuda a entender melhor algumas reações exageradas, fracassos repetidos ou emoções violentas que não se encontra uma explicação em sua própria história. Em muitos casos, estes comportamentos parecem ser determinados pela história psicológica de gerações anteriores.
Há poucos anos creditava-se que nascíamos com informações genéticas predeterminadas e inalteráveis detalhando os nossos componentes, sua estrutura, ordem e função, como deveríamos ser e do que poderíamos adoecer. Atualmente, sabemos que não é assim. Estudos mostram que as influências ambientais podem causar alterações nos genes, modificar o DNA e assim posteriormente transmitir essas alterações para nossos descendentes. Grande parte do funcionamento do nosso corpo depende de que certos genes são ativados ou não. Embora ainda não sabemos como e que enzimas estão envolvidas neste processo. O fato é que quando um gene é ativado ou desativado são lançados processos bioquímicos que acabarão por levar a, por exemplo, um gêmeo a desenvolver esquizofrenia e o outro não, apesar de serem geneticamente idênticos.
Recentemente, a epigenética confirmou a poderosa influência que o estresse, dieta ou produtos tóxicos ambientais têm na ativação de genes específicos e como eles geram mudanças em três ou mais gerações. Se a dieta e produtos tóxicos podem causar alterações epigenéticas, poderiam experiências como o estresse pós-traumático, abuso infantil ou sofrimentos também desencadear mudanças epigenéticas no DNA ou em células do cérebro? Estas questões resultaram ser a base de um novo campo, o comportamento epigenético, agora tão comentadas, que tem gerado dezenas de pesquisas e propõem novos tratamentos para curar os problemas do sistema nervoso.
Entre esses estudos incluem o de Michael Skinner, biólogo molecular, no qual ele afirma que as experiências de vida dos avós e até bisavós, modificam os seus óvulos e espermatozoides de modo indelével. Esta modificação afeta seus filhos, netos e bisnetos, e esse fenômeno é conhecido como “herança epigenética transgeracional.” Isto é, qualquer fator ambiental que influencia a saúde física e emocional não só irá afetar o indivíduo exposto ao fator, mas também para os seus descendentes. Outros estudos do comportamento epigenético conduzidos por Michael, neurologista e psiquiatra biológico, demonstram que experiências traumáticas no nosso passado, ou o passado de nossos ancestrais, deixando marcas moleculares aderidas ao nosso DNA. Ou seja, nós herdamos não só os joelhos frágeis da avó, mas também uma predisposição para a depressão causada por um sofrimento que ela não superou.
Pilar del Rey, Eva Rodriguez, Ana e Nuria Sancer Tayo