

Em vez do início e antes da culpa, como muitos pensam, a inocência vem muito depois da culpa e com ela. Muitas vezes nos sentimos culpados sem realmente sermos culpados pelos outros e eles estão contra nós. O sentimento de culpa pertence ao nosso passado, mesmo antes de virmos ao mundo. A ideia de que somos inocentes já não é aceitável pelo fato de que nossos genes e nossa alma guardam traços de um passado distante e de muitas vidas precedentes.
Este passado não se manifesta apenas no corpo, mas também na alma. Ninguém vem ao mundo como uma página em branco. As constelações familiares demonstram continuamente como os destinos de nossos familiares se repetem em sucessivas gerações sem que eles percebam. Levamos adiante o que as gerações passadas não conseguiram terminar, e também a culpa deles. É por isso que estou convencido de que a inocência está no futuro. É o resultado de uma transição para um novo começo. Nesta inocência, forças criativas nos levam a um mundo além da culpa e da inocência, em um Nós que abraça tudo. Vivemos culpa e inocência apenas na presença de um Eu e um Você.
A inocência, portanto, não é apenas estar livre de culpa e sentir-se inocente. É uma passagem para um nível que vai além do ‘Eu’ e do Tu, em harmonia com uma força criativa que quer tudo como é, como era e como será. A inocência nunca é uma falha. A inocência é plenitude, mas em um nível criativo. Em última análise, a inocência é a aceitação de tudo o que é. É a aceitação com amor, mesmo da assim chamada culpa, mas em um nível que transcende nossas concepções normais de certo e errado e nossa boa e má consciência. Inocência é realização.
Bert Hellinger Livro: Nuove Storie UNO – 2015 Milano