O amor é como um rio. Nasce de uma fonte e dela depende para continuar existindo. Após o nascimento, flui rumo a seu destino: desaguar seu viver em outro rio ou em mar aberto. Por onde passa, alimenta a vidas. E, a vida que flui, através do rio, está a serviço de algo maior. Se o curso do rio for interrompido ou desviado a vida que nele encontraria, força e poder, se ressente, murcha, sofre e se apaga na paisagem. À semelhança do rio fazemos movimentos de amor em direção a nossa mãe.
Bert Hellinger, autor da proposta de Constelação Familiar, afirma que o primeiro ato mais decisivo da vida é o nascimento e o seguinte é o movimento em direção a mãe. Como mamíferos nascemos dependentes de cuidado e proteção Carecemos de nutrição A mãe faz isso, funciona como fonte de vida.“Com seu leite tomamos a vida fora dela. Esse tomar é ativo. Precisamos sugar para que o leite flua. Precisamos chama-la para que venha. Precisamos nos alegrar com o que ela nos presenteia. Através dela ficamos plenos”. Nos sete primeiros anos a mãe ocupa papel e função fundamental na existência do filho. É fonte de bem-estar, segurança psicológica e emocional. O vínculo que se forma vão nos tornar plenos ou carentes, seguros ou inseguros nos relacionamentos afetivos e profissionais posteriores. Todas as memórias dos movimentos feitos em direção a mãe, nesta fase da vida ficam para sempre.
Muitos tiveram experiencias precoce que se opõe a este movimento. Não apenas com a mãe mas também com o pai.Ou, com ambos, de uma só vez. Foram entregues a aos cuidados de outras pessoas porque um dos pais ou os dois, por doença, prisão, etc., tiveram que se ausentar e também quando a união conjugal se desfaz. De todo modo, este fato acarreta disfunções afetivas nos relacionamentos posteriores da pessoa. A dor da separação e a sensação de abandono que dela advêm deixa como marca a recusa da entrega motivada pela atitude interna: “eu renuncio a ela”; “permaneço distante”,”antes que ela me deixe eu a abandono”. E assim quando a criança, enfim, pode voltar para a mãe, muitas vezes, se subtrai dela. Internamente a rejeita não se permitindo ser tocada.
O movimento em direção a mãe interrompido precocemente, mais tarde, tem graves consequências na vida afetiva e também no exito e sucesso profissional. Depois, quando esta criança quer ir em direção a um parceiro afetivo ou de trabalho seu corpo lembra o trauma e torna a reviver a dor, criando dificuldades para suportar este relacionamento. Algo semelhante acontece em relação ao próprio filho. É difícil experimentar sua proximidade.
Que solução a Constelação Familiar pode apontar nestes casos? Este trauma é superado onde começou. Volta-se para a situação que lhe deu início onde o fluxo do amor foi interrompido. O filho olha nos olhos e dá pequenos passos na direção da mãe ou sua representante. No campo que se forma, as memorias do trauma explodem. Restaura-se o fluxo do amor. Conquista-se a liberdade de amar.
Mazé Fontes – Assistente Social – Consteladora Sistêmica