Quando os pais enriquecem na vida à custa do sacrifício de outros, causado assim o prejuízo a outras pessoas, sejam estes prejuízos financeiros, emocionais graves, os filhos se emaranham nestas situações advindas do pai e ficam em perigo. A consciência familiar faz um movimento de compensar esse desequilíbrio. Então um dos filhos pode começar a correr riscos e até risco de vida. Pode também perder todo o dinheiro que herdou dos pais. Assim ele compensa o dano que os pais causaram em alguém. Nesse caso ele é usado pela consciência para equilibrar o dar e tomar e ao mesmo tempo é punido pela mesma consciência por tentar resolver algo pelos pais. Então ele fica emaranhado duplamente.
Outro exemplo que ocorre com muita freqüência é quando os pais se separam e a mãe diz ao filho mais velho: agora você é o homem da casa. Dá a ele o papel de “novo pai”. O filho então assume o lugar do pai. Neste lugar (que é do pai e não do filho), esse filho estará sempre cansado, achando que é responsável por muita coisa, sentir-se-á grande e muito poderoso. Também terá dificuldades em formar a sua própria família, tomar a sua própria vida, pois está voltado somente para sua família de origem. Fica também sem força para a vida, pois se sente sozinho, sem pai e mãe. Nesses casos a melhor solução é que os pais digam aos filhos: nós nos separamos, mas continuamos sendo seus pais e sempre poderão contar com a gente como seus pais. Assim o filho não carregará nem o peso e nem as responsabilidades que não lhe cabe.
Quando um dos pais não é respeitado pelo outro, o filho ficará mais próximo àquele que não é respeitado. Muitas das vezes a mãe diz ao filho: seu pai não presta, ele me batia, não gosta de vocês, bebia muito. O filho internamente vai honrar o pai e muito provavelmente repetirá o mesmo comportamento do pai. Não deixar o filho (a) amar o próprio pai(mãe) é mandá-lo para a pulsão de morte e o filho buscará a compensação desta falta nas drogas, no álcool, até encontrar a própria morte. O filho é fruto da união dos dois e só estará liberado para seguir seu destino, quando a mãe(pai) honrar e respeitar o pai (mãe)que está dentro do filho.
Sempre que tivermos que tomar uma atitude em relação aos nossos pais devemos avaliar a nossa posição. Agindo dessa forma eu serei maior, menor ou igual ao outro?
Quando dou conselhos aos meus pais, sou maior, menos ou igual a eles?
Quando me intrometo na relação deles, sou maior, menor ou igual?
Quando quero fazer algo no lugar dos meus pais, sou maior, menor ou igual?
Na relação entre pais e filhos os filhos são sempre menores e os pais são sempre maiores. Portanto as atitudes dos pais não devem ser julgadas pelos filhos.
Claudiane Tavares