A abordagem sistêmica, conhecida por constelações familiares e constelações organizacionais é extremamente útil e eficaz no diagnóstico, tomada de decisões e solução de questões individuais, grupais e coletivas. Sua aplicação atinge todas as dimensões das atividades e relacionamentos humanos, tanto nos aspectos pessoais como nos organizacionais. Aplica-se, portanto, a pessoas, equipes, departamentos e organizações como um todo, sendo que especialmente nas empresas familiares temos um dos campos promissores para o uso desta abordagem, na medida em que nelas muitas vezes se confundem os âmbitos da família com o da empresa.
As constelações consistem originalmente num grupo de pessoas, onde um cliente traz a questão a ser resolvida com o apoio de um Consultor. Após uma curta delimitação e foco na questão e nos resultados a serem alcançados, são definidos representantes para as diversas pessoas e elementos, tais como profissionais, departamentos, clientes, mercados, etc. envolvidos na situação. O cliente posiciona intuitivamente, num espaço pré-definido, os representantes, que passam a vivenciar a questão trazida, nos lugares onde foram colocados. O Consultor acompanha o que os representantes sentem e dizem, se têm a tendência para algum movimento, se algo está faltando. O Consultor busca reposicionar os representantes em lugares onde se sintam bem, se sintam no lugar certo.
Cabe destacar que o cliente deve ser a pessoa responsável pela solução da questão trazida, tendo a autonomia decisória para tanto. Os representantes são pessoas estranhas que, geralmente, não conhecem a realidade do cliente. Em situações que exigem confidencialidade como, por exemplo, questões de uma Diretoria, é possível a substituição dos representantes (pessoas por objetos, figuras, símbolos, etc.). O resultado desta abordagem é abrir para o cliente novas percepções, alternativas de ação e encaminhando soluções para a questão trazida. Um conceito particularmente útil na abordagem sistêmica é o dos “emaranhamentos”, ou seja, situações onde os três princípios sistêmicos não são respeitados, trazendo com isso desequilíbrios. Alguns exemplos de situações em que as constelações podem ser utilizadas, tanto para a organização como para os profissionais que a compõe:
- Definição de estratégias e estruturas organizacionais
- Integração de equipes
- Ações pré ou pós-fusões e incorporações de empresas
- Definições de marcas e produtos
- Transições em empresas familiares
- Diagnósticos organizacionais
- Gestão de conflitos
- Ficar ou sair da empresa
- Definição da posição ou objetivos na organização
- Maior qualidade de vida
Muitos altos executivos se perguntam:
- O que está acontecendo em nossa empresa?
- Por que nossos clientes estão desaparecendo?
- Se todos conhecem nossas estratégias, por que não as praticam?
- Se queremos líderes equilibrados, por que só temos pequenos tiranos?
Entre as diretrizes emanadas pela Direção e as práticas concretas nos diversos níveis e áreas da empresa existe uma enorme disparidade. E as dúvidas e inquietações não param por aí! São tão comuns dificuldades de relacionamento, como estilos de liderança inadequados, centralização decisória, falta de trabalho em equipe, comunicações ineficientes, bem como dúvidas quanto ao melhor caminho a seguir, se terá bons resultados, criar uma nova área de negócios, se a estrutura comercial deve ser própria ou baseada em representantes, se um novo produto vai ter uma boa chance de aceitação pelo mercado, só para citar algumas.
Jan Jacob Stam, reconhecido consultor sistêmico na Holanda, descreve depoimento de Diretores de uma empresa que utilizou a abordagem sistêmica: “A constelação não só foi útil para nos fornecer informações sobre a questão que colocamos, como também teve uma influência sobre a forma de como olhamos nossa Organização e sobre a maneira de considerarmos organizações como um todo, e essa outra forma, mais sistêmica de olharmos para a nossa Organização, prevaleceu”.
Gustavo G. Boog