Do ponto de vista transgeracional, o trauma é entendido como um vestígio de um passado doloroso ou vergonhoso, e que se espalha em toda a árvore genealógica para que os membros da família que carregarem essa dor possam para elabora-la. Este ponto de vista de trauma transgeracional, como componente da psique, pode inequivocamente proporcionar um olhar para além dos primeiros anos de vida, o complexo de Édipo e figuras parentais. Quando ocorrer numa família eventos traumáticos importantes, eles são mantidos vivos de maneira inconsciente e são transmitidos aos descendentes que sobrevivem e não falam sobre o ocorrido.
Entendemos como eventos traumáticos: suicídios, assassinatos, mortes inexplicáveis, incesto, estupro, infidelidade, desejos não reconhecidos. Mas também todas as emoções relacionadas a essas experiências. Numa tentativa de estender essa noção, contamos precisamente no conceito de trauma transgeracional: como certos eventos ou experiências na família que não puderam ser processados psiquicamente inconscientemente podem ser transmitidos às gerações futuras e causar distúrbios e conflitos grupo ou qualquer dos seus membros. O sujeito recebe sob a forma de carga, um fato que provoca um vácuo de identidade. Estas cargas ancestrais são o resíduo evento traumático que foi silenciado, que está sendo transformado e afeta de maneira diferente de gerações subsequentes:
A – Na primeira geração ocorre o fato que não pode ser expresso por diferentes motivos, entre outros, vergonha, horror, repressão ou sofrimento excessivo. Incapaz de falar sobre isso, a situação é desenvolvida e mantida psiquicamente presente na pessoa que viveu. O conteúdo é criptografado e confinado, condenado a tornar-se um segredo. Algo que nunca deve ser revelado e você não pode falar por causa da dor e da culpa que evocaria.
B – Na segunda geração, o segredo não pode ser objeto de representação verbal. O evento se torna sem nome e o portador desta tem um conhecimento intuitivo da sua existência, mas ignora o conteúdo. Poderíamos falar de um “testamento sem herança” um legado recebido que não foi aceito.
C – Finalmente, na terceira geração torna-se impensável, algo que existe, mas é inacessível à consciência; ninguém pode imaginar. Uma vez que os antepassados não nomearam estas experiências traumáticas e suas consequências emocionais, eles não podem ser objeto de qualquer representação verbal na prole. O silenciado, como temos observado tem um papel fundamental na transmissão, compreende impossível dizer palavras que são transmitidas por meio de gestos, alusões, o não dito ou sussurros. Ele também contém as emoções que foram reprimidas e que estão associados à condição de dor provocada. A pessoa é forçada a mudar seu discurso para evitar palavras que se aproximam ou levam a quebrar o silêncio, e isso o torna incongruente para forjar um discurso.