

O campo espiritual que une os membros de nossa alma coletiva por meio de convicções em comum constitui um empecilho às nossas observações racionais. Contudo, tais convicções são, de
forma contrária a toda a razão, aceitas pelos membros desse campo espiritual, ou seja, os membros dessa alma coletiva. Por quê? Porque qualquer divergência com relação a tais
convicções é associada com o medo de perder o direito de pertencer a essa alma coletiva. Como você já deve ter percebido, aqui entram em jogo os outros círculos de nossa alma coletiva. Por exemplo a religião, assim como outras filosofias. Elas estabelecem seu poder e influência do medo que temos de colocar em jogo o direito de pertencer à nossa alma coletiva. Medo de perdê-lo se questionarmos tais convicções ou nos afastarmos delas.
Esse medo é justificável. Aqueles que submetem tais convicções a um exame crítico, buscando trazer à tona a irracionalidade delas, devem estar preparados para ser excluídos desse campo espiritual e ser perseguidos como dissidentes. Trata-se do sacrifício da própria razão, em nome do direito ao pertencimento. Podemos imaginar quão difícil é seguir a nossa razão, quando isso nos pode custar a saúde e a vida.
A pergunta é: é possível que um campo espiritual se modifique? Será que é capaz de se liberar das amarras desse sistema de crenças? Rupert Sheldrake observou que um campo espiritual só pode se modificar sob a influência de um outro movimento espiritual vindo do exterior. Ao mesmo tempo, isso significa que a cura de doenças e, acima de tudo, o desejo de morrer, no qual uma pessoa deseja seguir um morto, não podem vir do interior da alma e do campo espiritual que a domina. Eles vêm através de um movimento do espírito
criativo cujo amor inclui a todos igualmente, ou seja, do exterior de nossa alma coletiva. Isso significa que o movimento de cura e a salvação vêm de um outro nível espiritual, que vai além da psicoterapia em seu sentido comum. Isso acontece porque se movimenta quase completamente dentro das fronteiras do campo espiritual coletivo e de seu amor limitado.
Bert hellinger – livro “A cura”