Gostaria de dizer algo sobre o amor. Algo diferente do que vocês talvez estejam esperando. Às vezes ouvimos a frase Permaneçam no amor! O que significa isto? Permanecer no amor? Conhecemos o amor que vincula. Através de um amor especial estamos vinculados aos nossos pais, ao nosso parceiro e também aos nossos filhos. Como estamos ligados a estas pessoas desta maneira, estamos ao mesmo tempo, separados de outras. Permanecer no amor significa que tudo é amado da maneira como é, que tudo é acolhido na alma da maneira como é. Significa que concordamos com tudo da maneira como é e o amamos como é, exatamente como é. Significa também, que concordamos com toda a vida como ela é, exatamente como é: com a própria vida assim como é, com a vida dos outros, como é, com a criação assim como é, exatamente da maneira como é.
Do mesmo modo também a luta faz parte dessa vida. A vida de cada indivíduo disputa o lugar com a vida dos outros. Se permanecermos no amor, amamos também os opostos, a luta, a vitória e a derrota, viver e morrer, os vivos e os mortos, o passado da maneira como foi, o futuro da maneira como vem, exatamente como vem. Neste amor tornamo-nos amplos e entramos em sintonia e concordância com tudo. Este amor é a entrega para o todo. É a religião essencial. Neste amor somos repletos, serenos, podemos assistir a tudo como se desenvolve, entregam-nos ao próprio destino e respeitamos o destino dos outros e o destino do mundo. Estar entregue ao todo deste modo significa permanecer no amor. Isto implica também em consequências para o nosso dia a dia.
Quem permanece no amor desta maneira pode assistir a tudo como é: à felicidade e ao desastre, à vida e à morte, ao emaranhamento e ao sofrimento. Como ama o todo e está entregue ao todo, uma vez ou outra, atua dentro deste fluxo de vida, porém, sem assoberbar-se permanecendo sempre em sintonia e na aceitação. Quem ajuda desse modo, permanece isento de preocupações. E é livre. Aqueles a quem ajudam também são livres. Todos possuem sempre o mesmo tamanho e a mesma importância. No todo não há quem seja melhor ou pior. No todo existimos simplesmente.
Artigo publicado na Revista Bert Hellinger da Editora Altman
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